Exposição em Belém reforça agenda indígena na véspera da COP30
Às vésperas da COP30, que posicionará Belém como epicentro das discussões climáticas mundiais, o Museu Paraense Emílio Goeldi inaugura neste sábado (8) a exposição “Brasil: Terra Indígena”. Com entrada gratuita, a mostra oferece uma imersão na arte, história e cosmologias de mais de 300 povos originários do país, destacando sua trajetória e presença ativa. Realizada pela Vale e pelo Ministério da Cultura, por meio do Instituto Cultural Vale, do Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) e do próprio Museu Goeldi, a exposição apresenta um panorama inédito da produção cultural indígena, abrangendo regiões como as florestas amazônicas, o cerrado, os pampas e o litoral. São mais de 2 mil peças, incluindo cestarias, cerâmicas, indumentárias e obras fotográficas de 45 artistas indígenas contemporâneos, que capturam o cotidiano e a força política de suas comunidades. Essas imagens dialogam com o acervo histórico do Instituto Moreira Salles, incorporando registros de Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot, unindo memória visual e presença atual.
Gabriel Gutierrez, diretor do CCVM e curador da mostra, descreve a exposição como uma convocatória e uma afirmação política e estética, enfatizando que os povos originários continuam presentes, resistindo e moldando o país por meio de suas culturas e lutas. No contexto da COP30, quando o foco global se volta para a Amazônia, a iniciativa reafirma que não haverá futuro sustentável sem o envolvimento dos povos indígenas. Destaques incluem um mapa das mais de cem línguas indígenas ainda faladas no Brasil, muitas em risco de extinção, e um conjunto de artefatos do acervo etnográfico e arqueológico do Museu Goeldi, que revelam modos de vida e saberes essenciais para a preservação da floresta.
Emanoel de Oliveira Junior, coordenador de museologia do Goeldi, convida os visitantes a ver, ouvir e sentir culturas que sustentam a vida, reconhecendo esse conhecimento como ciência vital para futuros possíveis. Nilson Gabas Júnior, diretor do museu, destaca o simbolismo do local: Belém, como porta de entrada da Amazônia, se reafirma não apenas como cenário, mas como parte integrante da solução climática, transformando a cidade em um museu vivo da herança indígena.