Há pouco mais de um mês para completar 100 anos, o empresário Hely Walter Couto reflete sobre sua trajetória que se entrelaça com a fundação de Brasília. Nascido em 1925 em Carmo do Paranaíba, Minas Gerais, ele chegou à futura capital antes de sua inauguração, em 1959, convidado por um amigo funcionário da Novacap, empresa responsável pela construção da cidade. Inicialmente alfaiate em Belo Horizonte, Hely se estabeleceu na antiga Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante, onde fundou a Pioneira da Borracha, a primeira loja do ramo em Brasília. Sem experiência no setor, ele atendeu à demanda por produtos essenciais em meio ao canteiro de obras, como travesseiros para convidados da inauguração, o que marcou sua primeira grande conquista e permitiu trazer a família para a nova capital.
O negócio prosperou junto com a cidade, mudando-se para a W3 Sul em 1964, onde permanece até hoje. Hely diversificou o catálogo, incluindo borrachas, colchões, brinquedos e materiais de construção, e expandiu com fábricas e lojas no Distrito Federal. Seu escritório, repleto de troféus, medalhas e fotos com figuras como Oscar Niemeyer, José Aparecido de Oliveira (Arruda) e Aécio Neves, reflete laços com o meio político e cultural. Ele ocupou cargos como comodoro do Iate Clube de Brasília, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e vice-presidente da Federação do Comércio do DF, ilustrando como o comércio varejista influenciou o desenvolvimento político e econômico da capital.
Atualmente gerenciada pelos filhos Eduardo e Bráulio, e pelo neto Guilherme Ferrari, a Pioneira da Borracha preserva o legado de Hely, que, apesar das limitações da idade, acompanha o negócio com orgulho. Em 3 de dezembro, ele celebrará o centenário no Iate Clube, reunindo família — com três filhos, nove netos e três bisnetos — , amigos e empresários. Sua história destaca a coragem de pioneiros que moldaram Brasília, um desafio onde “tudo estava por fazer”, segundo o próprio Hely.