Mário Eugênio Rafael de Oliveira, jornalista de 31 anos, foi assassinado em 11 de novembro de 1984 no estacionamento da Rádio Planalto, em Brasília, durante o regime da ditadura militar no Brasil. Conhecido pelo bordão “Aqui só se fala a verdade, somente a verdade. Doa a quem doer”, o repórter denunciou um grupo de extermínio formado por policiais civis e militares do Exército, responsável pela morte de um proprietário de chácara em Luziânia, no Entorno do DF. Apresentador do programa “O gogó das sete” e editor da página policial do Correio Braziliense, Mário foi executado com uma facada na nuca e tiros de espingarda calibre 12 e revólver magnum calibre 38, desfigurando seu crânio. O inquérito apontou sete suspeitos, incluindo o então secretário de Segurança Pública do DF, coronel Lauro Melchiades Rieth, e o delegado Ary Sardella, que foram condenados, mas beneficiados por habeas corpus e processos arquivados. Rieth, criticado por Mário e acusado de outros crimes, confirmou a existência do esquadrão da morte ao jornalista, desafiando-o a publicar a informação.
Apesar das condenações, a maioria dos envolvidos cumpriu penas mínimas ou respondeu em liberdade, e vários recebem benefícios pagos pelos cofres públicos. A filha de Rieth, falecido há sete anos, recebe pensão militar de R$ 35 mil mensais, enquanto Sardella, de 88 anos, tem remuneração de mais de R$ 30 mil como aposentado da Polícia Civil. Outros condenados, como o sargento Antônio Nazareno Mortari Vieira, cuja esposa recebe R$ 2.837,87 de pensão, e Divino José de Matos, conhecido como Divino 45 e autor dos disparos, aposentado com R$ 4,7 mil mensais alegando problemas mentais, também acessam recursos estatais. Sardella, após a aposentadoria, atuou como instrutor de tiro e presidente da Federação Brasiliense de Tiro Esportivo, sendo exaltado em publicações sindicais como “o mestre do tiro”. No total, esses benefícios somam mais de R$ 70 mil mensais do erário público do Distrito Federal e da União.
O caso reflete o contexto da ditadura, quando 25 jornalistas foram mortos ou desaparecidos, além de centenas perseguidos. Entre os outros envolvidos, como os cabos David Antônio do Couto e Aurelino Silvino de Oliveira, e o agente Iracildo José de Oliveira, falecido em 1999, há lacunas sobre paradeiros atuais. Moacir de Assunção Loiola, suspeito, morreu em suposto suicídio, levantando dúvidas de queima de arquivo. O assassinato de Mário Eugênio permanece registrado em acervos do MPDFT e TJDFT, destacando a persistente impunidade e o custo financeiro para o Estado.