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Diretriz nacional expõe riscos do zolpidem e cobra mudanças em políticas de saúde pública

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A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) lançou uma diretriz inédita na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria, assinada por 15 especialistas de instituições como USP, Unifesp, Unicamp, UFPE e UFMG, alertando para o abuso e dependência de drogas Z, incluindo zolpidem, zopiclona e eszopiclona. O documento, publicado na terça-feira (4), destaca como o medicamento, promovido por décadas como solução ideal para insônia, tem gerado um problema de saúde pública no Brasil, com relatos de sintomas de abstinência, delírios e comportamentos automáticos em pacientes. Neurologistas como Alan Éckeli, professor da USP em Ribeirão Preto, e Fernando Stelzer, também da USP, enfatizam que o consumo de zolpidem mais do que dobrou entre 2014 e 2021, impulsionado pela pandemia, com casos de uso irregular e receitas falsificadas. A Anvisa já endureceu regras em 2024, exigindo receitas digitais, mas os especialistas cobram maior impacto por meio de políticas públicas para combater o abuso.

A diretriz propõe um protocolo de desprescrição gradual, com avaliação ampla, redução progressiva de doses e ênfase em terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I), considerada mais eficaz a longo prazo do que medicamentos. Recomendações incluem evitar suspensão abrupta para prevenir crises como epilepsia e ansiedade intensa, e priorizar tratamentos não farmacológicos, com uso opcional de alternativas como trazodona ou pregabalina. Grupos vulneráveis, como mulheres adultas, profissionais de saúde e pessoas com transtornos mentais, são destacados, assim como a expansão do uso no SUS entre idosos. Éckeli defende uma “prescrição com data de saída” e treinamento para médicos da atenção primária, apontando falhas na formação em medicina do sono nas faculdades brasileiras.

Os autores esperam que o documento influencie políticas públicas e atualizações curriculares, promovendo o uso racional de hipnóticos similar ao de antibióticos. Stelzer ressalta que o foco não é proibir o zolpidem, mas educar sobre riscos, especialmente em contextos de ansiedade e depressão agravados pela pandemia, para evitar dependência química e fomentar uma nova cultura do sono no país.

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