Início Política Projeto contra resolução do Conanda sobre aborto legal para vítimas de estupro avança na Câmara
Política

Projeto contra resolução do Conanda sobre aborto legal para vítimas de estupro avança na Câmara

1

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira o Projeto de Decreto Legislativo 03 de 2025, que busca sustar a Resolução 258 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). A medida, criticada pela vice-presidenta do Conanda, Marina De Pol Poniwas, é vista como uma tentativa de enfraquecer o direito ao aborto legal no Brasil, especialmente para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Segundo Marina, que presidiu o conselho no ano passado e assinou a resolução, o texto foi editado em resposta ao recorde de estupros em 2023 e a projetos que limitam o acesso ao procedimento, como o que equipara o aborto a homicídio. Ela argumenta que a resolução orienta o sistema de garantia de direitos a aplicar a legislação vigente desde 1940, sem criar novas regras, e prioriza o sigilo e o atendimento humanizado, incluindo a dispensa de boletim de ocorrência ou decisão judicial para o aborto em casos de estupro.

Organizações de defesa dos direitos das crianças e mulheres lançaram um abaixo-assinado contra o projeto, integrado à campanha “Criança não é mãe”, que convoca atos para a próxima terça-feira em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. Laura Molinari, codiretora da campanha “Nem Presa Nem Morta”, destaca que propostas semelhantes surgem em períodos eleitorais, promovidas por políticos de extrema direita, e ignoram a realidade de meninas grávidas por violência sexual, as principais vítimas no país. Apesar de o Código Penal autorizar o aborto em casos de estupro e risco à vida da mãe desde 1940, e o STF ter estendido para anencefalia em 2012, menos de 4% dos municípios oferecem o serviço, com apenas cerca de 2 mil procedimentos anuais, sendo menos de 200 para meninas estupradas.

Parlamentares opositores reagiram com um projeto de lei protocolado pela deputada federal Jack Rocha (PT-ES), apoiado por 60 deputados, para transformar a resolução em lei e proteger as vítimas. Jack Rocha afirmou que o decreto legislativo rasga o pacto civilizatório do Estatuto da Criança e do Adolescente, forçando gravidezes que equivalem a tortura. Pesquisas do Instituto Patrícia Galvão revelam que 96% dos brasileiros consideram meninas de até 13 anos despreparadas para a maternidade, e 82% apoiam o aborto em casos de estupro, mas a disseminação de fake news cria confusão e barreiras ao acesso.

Conteúdo relacionado

STF analisa embargos de Bolsonaro e aliados em julgamento virtual

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a análise dos embargos de declaração...

Canal do Correio no WhatsApp oferece atualizações diárias sobre política

Em um cenário onde a informação política circula rapidamente, o Correio lançou...

Lula lidera cúpula da COP30 em Belém e busca recursos para fundo ambiental

A Cúpula de Líderes da COP30 inicia-se hoje em Belém, sob a...

Lula celebra aprovação unânime de projeto que isenta IR para salários até R$ 5 mil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou na noite desta quarta-feira...